Coisas de nós dois: segmento.

Sê constante, amor meu. Ainda que imprevisivelmente constante...
Teus afetos deslocados me deixam zonza e meu jeito não consegue memorizar os caminhos que o teu sentimento percorre.
Em mim, pode se perder, desaguar em águas jamais navegadas ou mapear as áreas descobertas pelos tecidos. Só lhe peço que seja sempre. Sempre assim. Desnorteado ou certeiro.
Segredos, segredos, tenho o meu que é teu: gosto quando sou só tua e por assim ser sou a única, gosto de saber da certeza, mas de me surpreender com teus planos sem planejamento. Gosto de ser tua e disso saber. Saber que é por mim que teu seio proclama dependência e hasteia a bandeira da necessidade. Por mim, sentimento constante e absoluto. Que é teu.
Caro amigo,
 sinto tanto em tê-lo desapontado com meu silêncio, mas, hoje, peço perdão pelo que estou, apenas. Ontem tudo era festa e foi sorriso, foi amor, foi intenso. Nos meus sonhos foi sucesso, foi amor, foi sorriso, foi amor, foi sucesso e foi amor. Hoje cedo, foi saudade. Logo à tarde mais saudade e quando sereno põe saudade! Sinto muito por não ter conseguido congelar meu estado de espírito. Sou assim. Vai saber.

#402

Hoje é o dia 402.  
              As mesmas angústias e mazelas circundam os pensamentos que se dividem em opostos e, como tais, parecem se posicionar para a guerra que travaram. Brigam entre si para encontrarem o vencedor, aquele digno de dominar a minha mente (Queridos, desistam. Minha mente não tem espaço pra vocês. Não apenas pra vocês)...
                Às dezenove horas aproximadamente meu corpo reagiu estranhamente, como de costume, àquele sentimento. Oscilou, vibrou, ecoou.
                Hoje é o dia 402. São quase vinte. Ainda estou aqui. Oscilando, vibrando, deixando o sentimento ecoar. Decisão sábia: expulsá-lo de uma vez de mim, decisão imbecil: trancá-lo no peito e analisá-lo profundamente.
                 Cá estou, escrevendo.


Assim, de mansinho, vou escrevendo nós dois. Vou colorindo nossas lembranças e desejando mais. Vou amargando com os erros, mas sei da doçura que me aguarda.Vou achando as respostas que sempre busquei e, embora elas nem sempre sejam o que esperei, eu sei que são de verdade. Sei que é nos teus passos que meu caminho se faz. Somos nós quem figuramos nossa estrada. Nela, meu amor, tenho paz.



Essa coisa de esperar o tempo certo de fazer a coisa certa tá completamente errada.


Ah, se  o brilho da tarde durasse pra sempre do jeitinho lembro agora.
Teus olhos, meus olhos.
 Tua boca, minha boca.
 Minhas mão nas tuas...
O entrelace dos dedos figurando os cruzamentos dos nossos caminhos.
 A vida assim: você e eu numa tarde interminável.

"Chãoce".





A vontade encoberta e paciente agora se despe.
Hoje é dia de fazer do chão o céu e acender algumas estrelas pra decorar o cenário.
Ali mesmo, onde os pés passeiam e as pegadas ficam.
Ali está nossa "chãoce".

Broto noto.



Ele brotou. Veio tão de mansinho que parecia que nunca ia chegar. Duvidei tanto que vingaria...
Foi num olhar despretensioso que as raízes do meu amor fincaram no chão. Envolveram meu peito e fizeram terra do meu coração.
Do meu suspiro fez-se adubo e, hoje, as palavras dele me regam.
Do broto inofensivo virá a flor que o meu amor me dedicou ao me olhar.
O olhar do sentimento me alcançou e, agora, eu só aguardo que se engrandeça.

Para ler o tempo inteiro.

- Não dê tanta importância a coisas que VOCÊ SABE que não valem a pena.

- Não dê tanta importância a PESSOAS que você sabe que não valem a pena.

- Não brigue por essas coisas e pessoas citadas acima.

-Não fale ao telefone quando estiver com muito sono. Isso deixará você inconsciente e, dessa forma, você não é muito atencioso.

- Não deixe a raiva lhe dominar (ainda que você ache isso impossível, acredite, conte até mil...)

- Não hesite ao pedir desculpa.

- Por fim, não deixe de dizer a quem você ama o QUANTO você o ama. Diga isso o tempo inteiro. E diga mais uma vez.

Pausa precisa.

Escrever o tempo todo sobre o que há na essências das coisas ou dos sentimentos sempre me levou a questionar certas palavras que eu mesma já usei. Na verdade, eu escrevo o que as essências representam pra mim e torço pra que alguém se identifique com isso. Ou não.
Eu me peguei pensando na necessidade que as pessoas acabam desenvolvendo umas das outras. Pra mim, no entanto, essa necessidade é clara.  Minhas necessidade são claras (reparem que em nenhum momento eu disse que elas fazem sentido).
Eu vejo como as pessoas expressam essas necessidades e acho muito chinfrim. Concordo que abuso das coisas chinfrins aqui, mas vale a pena.
Quando se trata de precisar de alguém porque se ama, é sempre igual:

 - Preciso de você como preciso do ar que invade meus pulmões e ao percorrer o meu corpo me dá a sensação de vigor.
 - Preciso de você como preciso da pulsação do meu peito que me avisa: estou viva!
 - Preciso de você como preciso dessa supervalorização da sua existência, porque, sem você eu nem sei se estaria aqui (por acaso, lhe escrevendo.)

No fim das contas, a sua vida depende da vida do outro. E você não se importa de ser submisso assim.

- Eu preciso de você na medida em que lhe procuro e é assim que eu mostro que preciso. Considerando que eu o procuro por muitas vezes, acho que você entendeu o recado.

Surge, então, os motivos dessa necessidade:

 - Preciso de você porque você me alegra.
 - Preciso de você porque você é a luz da minha vida.
 - Preciso de você porque te amo.


- Eu preciso de você porque preciso. E essa razão se esgota em si mesma.

Você entendeu que todas as razões e comparações feitas cabem a nós. Sabe também que eu nunca vou escrever nada imparcial. Não agora.

Depois de toda essa divagação, eu entendi que é assim mesmo.
Precisar do outro por isso que eu julguei banal é possivelmente a maneira mais sincera do outro demonstrar um sentimento, uma vontade, um querer. Precisar do outro porque o outro faz sua vida melhorar ou a transforma consegue ser tão bonito quanto dominar a manha de escrever isso em palavras rebuscadas.
No fim, quando se gosta, só o que importa é que se saiba. E diga.

Aos amores.

Aos bem convictos do arrepio que é mais que arrepio. Da pele que salta na presença do outro. Dos olhos que falam no silêncio do outro. Do outro.
Aos que pedem os beijos tranquilos que trazem a serenidade do outro. Que correm os lábios agitados nos lábios do outro. Que pulsam o sangue do outro nas veias.
Aos que amam.
À você. 
À nós.

Maldade.

A semana inteira é só passagem. É a vontade reprimida pelo tempo.
É o aguardo.
É a contagem.
Ai meu Deus,
       antes a semana não chegasse!
É maldade demais deixar que o dia esperado passe.

Deu raiva.

Pense numa vontade de gritar, mas gritar com toda a força uterina e poupar a garganta pra depois não se arrepender.
Pense num tabefe que pousa de susto na cara de alguém e estala as juntas de todos os dedos - de ambas as mãos, porque uma delas sente até ciúme do atrito provocado na outra.
Pense num ensaio de carnaval arrastando multidões pelas ruas... multiplique essa agitação por mil, eleve ao quadrado e some dois. Pense num trânsito metropolitano de uma cidade tropical ao meio-dia, imagine-se caminhando por ele.
Pense, amigo, pense...

Palavras de remetentes esquecidos.

Não sei se o que está escrito reflete, agora, incompetência de ambas as partes ou se foi um erro unilateral. De qualquer forma, palavras antigas causam desconforto se forem só antigas. Papéis amarelados e marcados pelo tempo são lembranças arquivadas na mente, mas estão lá pra provarem que o que foi, foi. E quem dirá que o que será tem algo a acrescentar? E quem arriscará jogar todas as cartas fora só pra não relembrar? E se de nada servir tal feitio? Crer na mudança dos seres mais que no orgulho e conveniência? Ser mais pelo afeto? O rebuliço na mente causado pelas palavras perdidas/esquecidas é tamanho que até o corpo padece. E a fraqueza sentida deve mesmo ser de dentro desse ser que as lê. E pra quê lê-las?
Se houvesse um mapa direcionando uma amizade ao sucesso ao invés de um endereço residencial... Se amores fossem previsíveis... Teria graça essa vida?

Coisas de ontem.

Que fiquem bem guardadas as coisas de ontem.
Cada uma na sua respectiva gaveta.
Separadas de acordo com a relevância, as insignificantes podem ser jogadas fora. E de maneira extravagante pra não haver dúvidas de que elas estão no lugar certo!
Bem decorada e colorida, eis a gaveta das boas lembranças. E a ela recorrerei frequentemente disposta a decorar e colorir outras mais.
Lá no fundo do armário, escondida por mim mesma, há uma gaveta empoeirada que de vez em vez eu lembro de abrir. Eu me escondo dela mais do que a escondi de mim.
Por falta de espaço, quando a abro ela aperta meu coração. Dói só um pouquinho, o tempo de fechá-la novamente.
Na gaveta da saudade eu guardo as coisas boas. As outras coisas são jogadas fora, assim como as coisas de ontem.
E sobre as coisas de ontem, quem se importa?