Palavras de remetentes esquecidos.

Não sei se o que está escrito reflete, agora, incompetência de ambas as partes ou se foi um erro unilateral. De qualquer forma, palavras antigas causam desconforto se forem só antigas. Papéis amarelados e marcados pelo tempo são lembranças arquivadas na mente, mas estão lá pra provarem que o que foi, foi. E quem dirá que o que será tem algo a acrescentar? E quem arriscará jogar todas as cartas fora só pra não relembrar? E se de nada servir tal feitio? Crer na mudança dos seres mais que no orgulho e conveniência? Ser mais pelo afeto? O rebuliço na mente causado pelas palavras perdidas/esquecidas é tamanho que até o corpo padece. E a fraqueza sentida deve mesmo ser de dentro desse ser que as lê. E pra quê lê-las?
Se houvesse um mapa direcionando uma amizade ao sucesso ao invés de um endereço residencial... Se amores fossem previsíveis... Teria graça essa vida?

Coisas de ontem.

Que fiquem bem guardadas as coisas de ontem.
Cada uma na sua respectiva gaveta.
Separadas de acordo com a relevância, as insignificantes podem ser jogadas fora. E de maneira extravagante pra não haver dúvidas de que elas estão no lugar certo!
Bem decorada e colorida, eis a gaveta das boas lembranças. E a ela recorrerei frequentemente disposta a decorar e colorir outras mais.
Lá no fundo do armário, escondida por mim mesma, há uma gaveta empoeirada que de vez em vez eu lembro de abrir. Eu me escondo dela mais do que a escondi de mim.
Por falta de espaço, quando a abro ela aperta meu coração. Dói só um pouquinho, o tempo de fechá-la novamente.
Na gaveta da saudade eu guardo as coisas boas. As outras coisas são jogadas fora, assim como as coisas de ontem.
E sobre as coisas de ontem, quem se importa?