Meu mercê.

Pra ti...
Sou de graça.
E os demais...
Acham graça.
Tua presença...
Tão calculada.
Tuas palavras...
Pouco faladas.
Teu sorriso...
Amarelo!
O que nos falta?
Um elo.
Meu português...
Tão chinfrim.
Pra ti?
ah, pra ti...
Faço graça.
Se chamar...
Eu atendo.
O que pensas?
Não entendo.
Minhas rimas...
Tão ruins.
Mas pra ti...
Sou de graça.

Calada.

Quanto tempo eu tenho pra gastar com você?
Leio os seus versos e não os entendo.
Buscas algo que ainda não tens?
Tens mesmo um por quê?
Percebo que te contradizes.
Perdão, o que dizes?
És a flor mais bela do teu jardim.
A pedra mais preciosa de tua mina.
A graça concedida a ti mesma.
O que te falta?
A glória?
A fama?
Mordes o fruto já apodrecido só pelo prazer de despertar em alguém a lamúria.
Desprezo teus círculos de luxúria.
Compreenda (ou não se assim decidires).
Perdoe-me a dedicatória já sem razão de ser.
Prefiro o pouco de tudo que sou à metade de você.

Enjoy.

Os pensamentos tendem ao infinito particular da minha diversão.
A incerteza às vezes me toma por completa e me perco.
Me pego pensando sobre o que sinto...
Sou o duro julgamento de mim mesma na maioria dos dias. Nos outros deixo que me julguem.
Peço que me observem.
Sem cautela decoro as mãos, os olhos, os sorrisos dos que me cercam.
Irrito-me com o que não vejo.
Lamento o que descubro.
Chega a ser divertido mapeá-los.
E vou perdendo tempo com os relevos alheios e deixando de lado minha própria geografia.
Buscando sei-lá-o-quê, analiso meus sentidos.
Dou-lhes muito mais opções que certezas.
Meus pensamentos costuram em ziguezague.
Quero e não quero e finjo que não quero cada vez mais.
Oscilo meu significado.
Não sei mais como dizer o que sou e o que sinto e nem acho que queira fazê-lo.
Mas sei que o farei.
Por enquanto, direcionarei minhas palavras perdidas e certas vezes baleadas à alguém.
Quem sabe você as entenda melhor que eu.
Aproveite-as.
Desfrute da clara manifestação de perda de tempo e excesso de sentimentos de uma anônima recém-desperta para o exercício prático da escrita.

A receita.

Prefiro o barulho.
O som que ecoa do sentimento que guardo, agora aguarda o sinal da orquestra.
Ele ruge como o violão encostado na cadeira.
Em espera ele opera cabreiro, mas nem o vejo no espelho, pois ele é muito mais meu.
E tão teu que te cabe.
O maestro não se permite.
Sinto.
Tão a flor da pele que quase cheira.
Em minha mente tão presente que despenteia.
Calado!
Ele canta.
Num timbre firme e desafinado me solicita o dueto.
Eu me nego.
E grito!
O maestro não se permite...
Eu permito.
Canto.
E o momento convida mais um instrumento.
O maestro se entrega.
O coração acelera.
O rugido, a voz, a batida, a canção!
Meu barulho...
E aí estou.
Como receita de bolo.
Por completa, por inteira...
A canção.

Falsorretrato.

Eu posso ser o fogo e água.
Posso na areia me camuflar.
Posso soar como o sino da igreja.
Posso suar.
Posso correr em câmera lenta.
Posso sonhar na velocidade da luz.
Posso desesperadamente chorar.
Posso comprar um par de olhos azuis.
Posso subir e descer as ladeiras.
Mas posso em nenhuma ladeira pisar.
Posso cantar afinada em mi, mas ainda posso desafinar em fá.
Posso tirar fotos e registrar o momento.
Posso fotografar o que não há em mim.
Posso afagar de uma vez seu tormento.
Mas posso sentir uma coisa ruim.
Posso ser o espelho da tua covardia.
Posso cometer erros gramaticais.
Posso fazer moradia no silêncio teu.
Posso refletir os raios solares.
Posso te dar olhares que não serão meus ...
Posso entrar e sair de um lugar.
Posso ir à lua sem estar mesmo lá.
Posso criar umas rimas baratas.
Como essas de agora só para editar.
De conjugação em conjugação quem sabe um livro você não vai me comprar?