Pra que curar?

Eu não vou deixar. Não vou deixar curar o som que ele traz. Nem tapar meus ouvidos toda vez que o ouvir. Nem fechar meus olhos quando ele passar. Nem cruzar os meus dedos pra ele ir embora. Eu quero que ele fique. Quero muito mais agora.
Não temerei a tristeza. Deixarei que ela machuque com toda a força que ela puder dedicar-me. Se me doer será só um pouquinho. E desse pouquinho já provei.
Eu não vou mudar meu paladar. E que o gosto dele não espere liberdade. Minha saliva matará minha sede. E ,sendo assim, precisarei cada vez menos do sabor. Mas jamais irei retirá-lo do meu cardápio.
Não vou curar minha vontade de lembrá-lo. Jamais irei me atrever. Eu não deixarei curar a ferida, pois jamais se abrira uma. E da vontade farei companheira.
Quando eu esquecer do som, da ansiedade, do sabor, da vontade...
Ainda me restará ele.
E pra que me curar dele?

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